<$BlogRSDUrl$>

No bananal Portugal

domingo, dezembro 18, 2005

Sumer '42


A internet é um prodígio. Finalmente pude confirmar a minha suspeita de que o filme era autobiográfico e de que facto existiu um Dorothy, embora seja certo que não tenha sido nem de perto nem de longe tão deslumbrante como a Jennifer O'neill.





posted by oubi  # 12/18/2005 09:06:00 da tarde

sábado, dezembro 17, 2005

Avec le temp, Leo Ferre

Avec le temps, va, tout s'en va
Et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
Et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
Et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
Et l'on se sent floué par les années perdues



Alors vraiment
Avec le temps on n'aime plus
posted by oubi  # 12/17/2005 10:42:00 da tarde
Carta de Amor


Um site de escrita criativa convocava os seus membros para o desafio de redigir uma carta de amor. E assim surgiu-me a ideia idiota de alinhavar meia duzia de palavras na tentativa de escrever algo que fosse uma pouco mais longo do que um post mas com a humildade de não ousá-lo classificar de conto ou enseio. Afinal uma carta é apenas uma carta. seja ela de ficção ou real. Além de que, como o génio o disse pela primeira vez e o povo o repetiu até ao estatuto de ditado, uma carta de amor é uma carta ridicula. E portanto maior o grau de impunidade com que me podia aventurar da redacção de algo de pseudo literário.
Mas se a ideia me pareceu luminosa de inicio, cedo debati-me com uma dificuldade quase intransponivel, a mesma maldição de todos os escritores fracassados. A falta de assunto.
Volvidos estes anos não me apetecia invoca-la ainda que sob o artificialismo da capa de uma personagem. Pois mesmo que inventasse a personagem mais oposta, marreca e zarolha, sabia que a partir do momento em que lhe desse as carnes do verbo esta ganharia vida própria, tal com um fantasma desperto pela palavra que invocasse a sua maldição. No fluxo da imaginação estou certo que a marreca e zarolha cedo se fundiria no rosto dela como num teledisco de efeitos especiais onde as caras se sucedem numa continuidade incontestável. Numa carta de amor estou certo que o unico assunto seria ela. Todas as cores inventadas pela imaginação, qualquer enredo mirabolante seriam apenas um prefacio para o capitulo onde lograria lançar incenso em sua memória. Não me ocorreu que, enquanto me debatia em resistências pueris como forma de estender o meu lençol narrativo sem pudor algo de negar o que fazia, havia um objecto de amor muito mais óbvio que qualquer femea em idade de procriação, algo que no passado me havia feito sonhar, algo de tão absorvente que me havia consumido dias inteiros, algo que me havia feito suster a respiração da consciência do tempo, algo tão fora de mim, destas mãos e pés, algo quase espiritual, um amor doentio e belo que havia perdido para nunca mais voltar, o meu amor pela palavra, esse lego cosmico de simbolos apenas ao alcance da compreensão humana. Ah o meu amor pelas palavras! Não foi uma amor primavril, ingénuo e desajeitado, sem macula de malicia. Foi antes uma paixão devoradora que me consumiu o coração. Como todas as grandes paixões são inflamadas quando o seu objecto nos renuncia. Quando nos fogem aquela a quem nos desejamos entregar algo socobra dentro de nós, algo que quebra de forma definitiva. Mesmo quando elas são palavras. Simples palavras. Palavras que na mãos de outros cintilam como estrelas mas não nas nossas.
posted by oubi  # 12/17/2005 06:10:00 da tarde
Lei da Subtração da Alma

Quando a obra de um homem é a mera soma dos dias a sua alma extingue-se na proporção inversa.
posted by oubi  # 12/17/2005 05:22:00 da tarde

sábado, dezembro 10, 2005

Fellini 8 1/2


Lembro-te de ter dezassete anos e andar fascinado por cinema a ponto de acalentar a vaga intenção de frequentar a escola de cinema e de no meio da confusão das minhas investigações ter descoberto uma fotografia de um Mostroiani de chapéu enredado num lençol empunhando um chicote, que estranho filme deverá ser!, recordo-me vivamente de ter pensado, felizmente tive o bom-senso ou a sorte de nunca o ter visto até ao dia de hoje, pois estou certo que não o teria apreciado e muito menos compreendido se o tivesse feito mais cedo, mesmo agora, volvidos estes anos e os partos de todas as pequenas e grandes dores da vida, terei eu compreendido? felizmente Pavese, repousando sobre a minha cabeceira, no seu diário difuso veio em meu socorro, nenhum homem se mata por uma mulher, mas sim porque a paixão força os amantes a desnudarem-se perante si próprios e a verem-se tal como são, grita ele da cabeceira, mas qualquer ser simples poderia apenas dizer que o rei vai nu, a verdade pode ser sempre reduzida ao seu minimo divisor comum, mas convenhamos, não terá tanta graça.
posted by oubi  # 12/10/2005 03:11:00 da tarde

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Pinter e os Bandidos

Pinter, o vencedor do Nobel da Literatura, no discurso de aceitação do prémio lançou um invectiva aos poderosos Estados Unidos, chamou o boi pelos nomes – bandidos.
Estranho e triste mundo este em que os acamados e em fim de vida, pois Pinter sofre de uma doença terminal, sejam mais lúcidos e vivos do que os sãos e prósperos.
Mas não foi sempre assim? As religiões nasceram sempre dos abandonados e vilipendiados, das classes mais desfavorecidas. A lucidez sempre pareceu brotar mais facilmente do tormento humano que do conforto e da saciedade.
Receio bem que os Estados Unidos de forma involuntária adubem terreno para as religiões do futuro, tal como o Imperio romano que sufocou de dor os povos das suas margens, por onde mais tarde se incendiaria o rastilho do cristianismo. Tal como antigamente com as catacumbas, do lugar dos mortos surgiu o credo dos vivos.

Muitas linhas tortas ainda existem por escrever, mas sabemos nós se se escreve direito?
posted by oubi  # 12/08/2005 10:21:00 da tarde

domingo, dezembro 04, 2005

A Mosca


Como uma mosca que por instinto que se aproxima da janela em busca de luz, assim eu esbarrei na minha janela para vê-la surgir. Descia a escada defronte menos loira do que eu me lembrava, com a mãe de um lado e o gajo do outro. Estranho como pareço sempre adivinhar o preciso instante em que ela vai surgir, por mais que concientemente deseje não voltar a vê-la. Se fosse uma pouco mais crédulo diria que existe um elo telepatico a ligar-nos.
Mas ao contrário da mosca que zumbe e cabeçeia na janela, ignorando que a liberdade é impossivel, e refeito enfim da surpresa, refugiei-me novamente na sombra da casa.
posted by oubi  # 12/04/2005 04:52:00 da tarde

Archives

11/01/2003 - 12/01/2003   12/01/2003 - 01/01/2004   01/01/2004 - 02/01/2004   02/01/2004 - 03/01/2004   03/01/2004 - 04/01/2004   04/01/2004 - 05/01/2004   05/01/2004 - 06/01/2004   06/01/2004 - 07/01/2004   07/01/2004 - 08/01/2004   08/01/2004 - 09/01/2004   09/01/2004 - 10/01/2004   10/01/2004 - 11/01/2004   11/01/2004 - 12/01/2004   12/01/2004 - 01/01/2005   01/01/2005 - 02/01/2005   03/01/2005 - 04/01/2005   04/01/2005 - 05/01/2005   06/01/2005 - 07/01/2005   11/01/2005 - 12/01/2005   12/01/2005 - 01/01/2006   01/01/2006 - 02/01/2006   02/01/2006 - 03/01/2006   04/01/2006 - 05/01/2006   06/01/2006 - 07/01/2006   07/01/2006 - 08/01/2006   08/01/2006 - 09/01/2006   02/01/2007 - 03/01/2007   04/01/2007 - 05/01/2007   05/01/2007 - 06/01/2007   06/01/2007 - 07/01/2007   07/01/2007 - 08/01/2007  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?