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No bananal Portugal

sábado, dezembro 27, 2003

Os Três dias do Condor, Sydney Pollack

(se ainda não viu não leia a crítica)

Filme de 1975 onde é bem visivel o clima de paranoia que se vivia então com o escândalo de Watergate. Tem um dos melhores inicios que conheço, verdadeiramente digno de hitchcock. Um agente não operacional da CIA cuja o trabalho consiste na leitura e pesquisa de tudo quanto é publicado na busca de redes de espiões, ao regressar de uma saida para almoço encontra todos os seus colegas assassinados. Talvez por o inicio ser tão bom, confesso que era unicamente o que me recordava do filme. Compreendo porque o recordava tão bem , aquele era o trabalho que gostaria de ter. Um dia de trabalho completamente ocupado na leitura de livro e revistas.
Aproveitei esta revisão do filme que agora foi editado em DVD para um análise mais fria. Continuo a achar que é um grande filme dentro do género, contudo padeçe de algumas falhas. Uma que não é culpa senão do tempo - os supercomputadores a papel perfurado do tamanho de frígoricos parecem agora algo ridiculos. O mais grave parece-me ser a falta de credibilidade do enredo, mas alguns dos exageros entendem-se no contexto da época. Não deixa de ser curioso que o leit motiv do enredo sejam os jogos politico-militares de uma possivel invasão do golfe persico - não será certamente aqui que falta credibilidade a história. Mas o romance entre o agente e a refém parece-me algo forçado, apenas justificado dentro de uma lógica cinematográfica. O filme não consegue escapar a alguns lugares-comuns, como as incontornáveis gabardines azuis de gola levantada ou os hobbies pacificos do assassino. Ma não será isso que se espera de um filme do género?
Em jeito de conclusão, Pollack parece quere dizer que aquilo que salva a America e a verdadeiramente a diferencia é a liberdade de expressão da sua imprensa. Mas o final do filme, numa interrogação, parece deixar um alerta para aqueles que parece descurar a sua importancia e não cerram as fileiras em sua defesa.
posted by oubi  # 12/27/2003 03:04:00 da tarde

domingo, dezembro 21, 2003

A extinção do homem

Nos ultimos tempos tenho constatado o nascimento de muitas raparigas, na familia e no circulo de amigos. Estou certo que as estatisticas não serão assim tão favoraveis ao nascimento de raparigas, caso contrário, dir-se-ia sermos nós - homens - um género em extinção. Será consequência de algum quimico na àgua ou efeito das radições dos fornos micro-ondas? Terá sido a historia das Amazonas uma lenda ou será antes uma profecia?
De qualquer forma, estou certo de ser uma boa historia para um romance. Pelo menos não pode ser pior do que a historia de um homem que um dia acorda mosca, ou de uma peste que torna o mundo inteiro cego.
posted by oubi  # 12/21/2003 03:56:00 da tarde
Descobrindo Boris

Existe tanta frescura na prosa de Boris Vian que custa acreditar que tenha morrido à mais de quarenta anos ( morreu com 39 anos em 1959 de problemas cardiacos. pois quando se morre disso costuma de facto ser um problema). A sua escrita é das poucas que sobrevive uma adjectivação do género o céu é azul e belo. Na sua escrita tudo é permitido, mesmo o aparentemente patético e absurdo, entramos nos seus livros da mesma forma como entramos na Feira Popular, esperamos o sublime mas não levamos a mal que um palhaço surgido do nada nos solte uma gargalhada na cara. Existe cor, movimento e alegria, mas às voltas na roda gigante podemos perscrutar o céu nocturno cintilante de estrelas e sentir a tristeza enigmatica da vida que nos acompanha do berço.
posted by oubi  # 12/21/2003 03:35:00 da tarde

sábado, dezembro 20, 2003

Insultos na passadeira rolante

Num centro comercial espanhol, descia descontraidamente na passadeira rolante quando oiço um voz irada de alguem que subia. «Não tens vergonha nenhuma!». Desconcertado, pois parecia-me dirigido o agravo, percorro o olhar em redor em busca de uma explicação. Encontro então diante de mim um Deputado da nação acusado do caso de pedofilia e mais o ilustre magistrado seu irmão. No seu meio uma mulher que não entendo ser de quem. Não sei se é culpado ou inocente, e nunca gostei espalha brazas que lançam insultos anónimos no meio das massas, mas o que mais me impressionou foi o ar triste e frágil das criaturas que nos governam ou governavam, e o aspecto sordido de tudo aquilo. Seja ele culpado ou inocente.
Mais tarde, voltei a encontra-los no parque subterraneo. Fiz questão de não os fitar, como sempre faço quando me cruzo com pessoas mais ou menos conhecidas, apenas me consenti a olhar a amiga deles, que me pareceu ter o olhar de alguem acossado, de quem está onde está sem saber como ali chegou.
posted by oubi  # 12/20/2003 05:37:00 da tarde
Em Lisboa em dia de folga

Ontem, em dia de folga, percorri meia Baixa de Lisboa aos solavancos no meu automovel em busca de um lugar para estacionar, para apenas desistir e voltar para o Marquês, onde mergulhando no parque subterraneo encontro sempre guarida em situações complicadas, como parace ser vésperas natalicias em Lisboa.
Experimentei o novo sistema de portinholas de acesso mecanico do Metropolitano, e ergui-me a luz do dia já no Chiado, com os bofes de fora por as escadas rolantes estarem fora de serviço. pensei no martirio que seria para as pessoas de idade tal escalada, e que tais pormenores são de facto o que nos diferencia dos povos do Norte da Europa. Gozamos com os ciganos por terem porcos na banheira dos seus andares novos, mas não taremos nós todos, como povo, muitas vezes o mesmo tipo de comportamento e desleixo mesmo em situações de suposta modernidade?
Fui deslizando pelo Chiado abaixo até me encontrar confortavelmente entrincheirado na fnac homonima. Comprei A espuma dos dias , do Boris Vian, o qual me entreti a ler as primeiras paginas numa das mesas do macdonals com a companhia de uma Agua das Pedras.
Já sob o manto da noite, percorri a Baixa, passando pela rua 1 de Dezembro, com as suas sapatarias e o seu cheiro de cozinhados, os inevitáveis turistas de pé descalço, e os velhotes que encostando-se as paredes recuperam o fôlego, pousando os sacos de plasticos das compras, olhando-nos com um misto de receio e de vergonha.
Depois disso foi sempre a subir, avenida a cima, gingando entre a maré humana que descia para a estação do Rossio. Na esquina das prostitutas já não havia prostitutas, e novos e luxuosos hoteis erguem-se agora debruçados para a avenida, acolhendo cachos de espanhois que saltam de autocarros de dois andares. Lisboa está diferente, mas ainda encontro nela restos daquela que recordo, como sons ténues de uma melodia que se fosse deixando de ouvir aos poucos.
posted by oubi  # 12/20/2003 05:14:00 da tarde

sexta-feira, dezembro 19, 2003

O Parlamento

Hoje estive a ver um pouco do canal Parlamento. Confesso que me foi penoso. Mas forçei-me a mim próprio a assistir como uma especie de dever cívico. Que estejamos a pagar àquele tipos o que pagamos para que estes passem as tardes a ofenderem-se e a enxovalhar mutuamente é algo que me perturba. É triste e trágico que passem as tardes nas réplicas e nas defesas da honra quando o país se afunda. Pelo menos que façam como a orquesta do titanic, que tocou musica até ao final. Recitem poesia ou citem obras classicas. Mas por amor de Deus, calem-se com as defesas da honra, como se alguem ainda acreditasse que tivessem alguma.
posted by oubi  # 12/19/2003 12:00:00 da manhã

quinta-feira, dezembro 18, 2003

The Front, Martin Ritt

O filme é a historia de um homem, um simples caixa e um corrector de apostas ilegais, que se oferece para testa-de-ferro de escritores proscritos na época da paranoia da invasão comunistas na america dos '50. Mas é também a historia de um homem que vive de expedientes e que aprende à sua custa o valor da consciência.

Mas sobretudo para mim é a ilustração perfeita do que a propotência dos fortes pode fazer às liberdades individuais dos cidadãos. Nas sociedades modernas, que damos como garantidas determinadas liberdades fazendo-nos esquecer muitas vezes do quão frágeis são e do quanto custaram a obter, tem-se cultivado desmesuradamente a separação entre os direitos civis e os direitos economicos. É uma falacia. Um homem não se realiza senão na medida em que se possa comparar com os restantes. Ora privando um homem direitos economicos privamo-lo a partida da possibilidade de se realizar como homem. Vivemos tempos em que os fortes se tornam mais fortes e os fracos mais fracos. A historia ensina-nos que persistir nesta progressão das distâncias apenas pode conduzir à catastrofe.
posted by oubi  # 12/18/2003 11:14:00 da tarde

domingo, dezembro 14, 2003

Mais um dia

mais um dia em que não iniciei a minha obra-prima
mais um dia sem uma ideia de um milhão de contos
mais um dia sem a mulher da minha vida
mais um dia
posted by oubi  # 12/14/2003 06:36:00 da tarde

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Quimera dos escravos

(mais dissabores no trabalho)
quando virá a quimera do agostinho da silva de uma vida gratuita (no sentido de não termos de trabalhar)?
quando virá a geração que será finalmente herdeira da terra e não somente descendentes de escravos?
quando virá o dia em que Homem será sinonimo de Liberdade?

posted by oubi  # 12/11/2003 09:30:00 da tarde

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