No bananal Portugal

Sex Bomb

Divirto-me a ver uma quase fotobiografia da nossa Teresa Heinz num site ao som de Tom Jones - mera coincidência - e de repente fez-se luz! Sim, esta mulher de sessenta anos deve ter sido uma sex bomb. Ainda hoje exala aquela confiança caracteristica dos verdadeiros nacos.

Teresa Simões - Ferreira

Após uma curta busca na internet sobre Teresa Simões-Ferreira não pude deixar de sorrir pelo ar desconcertado dos americanos por esta mulher - mais conhecida por Teresa Heinz. Herdeira do antigo senador e herdeiro da fortuna Heinz, que morreu num desastre de avião, e actualmente esposa do candidato presidencial John F Kerry. Não resistir em colocar um comentario num blog de um americano republicano que a admirava - Agora os americanos sabem o que é uma mulher portuguesa.
Não nos esqueçamos que este País parece dever mais a elas do que os homens, que sempre andaram na debandada das sete partidas. Portugal de certa forma sempre foi uma sociedade recolectora. As mulheres ficavam a tomar conta do Pais enquanto os homens se aventuravam para Africa, Oriente e Americas. Isto até muito recentemente quando os nosso emigrantes iam para além Pireneus enquanto as mulheres ficavam a tomar conta dos filhos. Não surpreende portante que sejam o Pais da europa com maior numero de mulheres trabalhadoras. Teresa Heinz, apesar de ter nascido e vivido em mocambique, e não em portugal, encarna todas as virtudes e defeitos das nossas mulheres - decididas, independentes e teimosas. Olho para ela e vem-me logo a memoria as mulheres dos quadros de Paulo Rego. Mulheres duras que parecem ter brotado de uma terra dura.

Eles estão ai

Consta-se que os Espanhois pretende trocar uma maior participação da EDP na Hidrocabrico por uma maior participação da telefonica na PT. Ou seja, grosso modo, deixam-nos constuir o terceiro maior grupo electrico iberico em troca de lhe cedermos o controlo da maior empresa de comunicações nacional e a mais internacional de todas. Desfaçatez não lhes falta!
Mas o triste de tudo isto, deste cerco que se aperta todos os dias, é o fatalismo do portugueses e o facto de contarmos com uma das piores elites, sempre dispostas a venderem-nos por meio prato de lentilhas.

Os Gestorezecos

O presidente da empresa onde trabalho teve o desplante de vir dar entrevistas para a comunicação social em que confessa-se muito cuidadoso com a sua saude, evitando criteriosamente periodos de trabalho fora das hora laborais. Isto quando a empresa a que preside faz gala em esperar
disponibilidade total dos seus colaboradores sem o respectivo retributo financeiro, em clara violação da lei.
Naturalmente, sigo o seu conselho, dado que também prezo muito a minha saude.

FEHÉR

nada posso dizer. senão que sentimos sempre a falta quando alguem parte. sentimos sempre que os tratamos com alguma injustiça. e sentimos sempre que as coisas não devia ser assim.

Lost in Translation - O Amor é um lugar estranho, Sofia Coppola

Existem filmes que têm o sortilegio de nos prender como o abraço de um amigo. Filmes que desejamos que nunca acabem quando os vêmos e que depois de acabarem desejamos que o sentimento que nos deixam perdure para sempre. Este é claramente um desses filmes.
Parece-me tudo em estado de graça, o argumento, a realização e os actores.
E como tudo o resto, também o final é brilhante. Um final em que os personagens saem de cena a saber mais do que os espectadores não pode ser outra coisa senão brilhante. É bom saber que no cinzento das mega-urbes em que habitamos ainda existe esperança.
Claramente um daqueles raros filme que se tornaram de culto desde o momento da sua estreia.

Paradoxo da Insistência

Olhamos com insistência para um rosto bonito e acabará por parecer feio.
Olhamos com insistência para um rosto feio e descobriremos a sua beleza.
Olhamos com insistência o vazio e um deus surgirá.
Olhamos com insistência para um deus e descobriremos o vazio.

O Anel, Gore Verbinski

Filme de horror, creio que uma adaptação de uma obra japonesa. Como tantas em que os americanos são pródigos.
Conta a historia de uma maldição - uma cassete video que mata todos quantos a vêem. Uma Jornalista que é levada pela curiosidade primeiro e depois pela imperiosa necessidade de sobrevivência lança-se investigação do mistério.
O filme do filme, se assim posso colocar, faz-me lembrar vagamente as experiências cinematograficas de Dali, quer com Bunel que com Hitchcok.

Mas o melhor do filme é mesmo a deslumbrante actriz principal Naomi Watts. A loira de corta a respiração de "Mulholland Dr."

Alegoria da Caverna


O consigo encontrar outro sonho que não seja o de possuir um ecrã de plasma de 19 polegadas.
Apesar de o poder comprar, vou protelando a aquisição. Pelo menos enquanto não encontrar mais nada para desejar a seguir.
A alegoria da caverna revisitada numa tarde de inverno.

O Quarto do Filho , Nanni Moretti.

O filme não é inteiramente maçador, apesar do tema, pois Moretti soube com alguma mestria intervalar as cenas mais emotivas com alguma pitorescas, ou não fosse um filme de moretti. mas o que sempre recordarei é o seu belo final, apesar de tão simples. Quando decidem levar de boleia a França a ex-namorada do filho morto, como se através dela ainda quisessem prolongar o contacto com o filho, adiando constantemente essa despedida que se sabe inevitável. E depois a cena final, do casal e da filha a caminhar na praia, como escolhos de um naufrágio, cada um caminhado para seu lado, adivinhando-se a fragmentação da familia por não conseguirem lidar com a dor.

Não é pecado escrever poesia banal

Não é pecado escrever poesia banal
não
pecado é não acreditar na poesia
seja banal ou não

Jardim Japonês

Sonho com um jardim japonês.
Um relvado plano
Onde caminho
circulando
Uma pedra que se ergue no meio
e passo a passo
sigo a paz como um veio

Sob a luz dos gregos antigos


Não deixa de ser surpreendente que leia que obra leia sobre um qualquer ramo da ciência contemporânea e existam ainda tantas referências a cultura classica e aos gregos. Não é invulgar que uma qualquer ciência nos dias de hoje ainda se debata com questões que os gregos levantaram ou pressentiram. Quanto mais aprendo sobre o conhecimento humano, em especial o de cariz ocidental, mais me dou conta do enorme dívida que temos para com esses longinquos e estranhos gregos. Não sei que autor o disse, mas compreendo a sua verdade - que aconteceu um milagre no século V Antes de Cristos na peninsula helenica. Que terra era aquela fez nascer tamanhos gigantes? Olhamos os postais turisticos actuais, e vemos apenas praias e pedregulhos agrestes na peninsula e na miriades de ilhas. E então surge um padrão - é na adversidade que a especie humana se realiza. Talvez a segunda lei de newton (creio que é a segunda) - a uma acção opõe-se sempre uma reacção - seja mais vasta do que aparenta, e se possa aplicar para além dos limites da física classica. Somos na verdade o produto de todas as forças adversas que se nos opuseram desde o inicio dos tempos.
Os gregos antigos terão sido uma das nossas maiores e mais brilhantes retaliações.

Bush em Marte

Bush alardeou com toda a pompa e circunstância a sua nova visão de colocar um homem em marte. O ar patetico do homem ao querer imitar a solenidade história de kennedy era de rir as gargalhadas. Olha para eu aqui a armar-me em grande inspirador da humanidade! . Parecia querer dizer com aquele sorriso mal contido.
Dizem tratar-se de uma promessa eleitoral, pois aproximam-se as eleições nos Estados Unidos e já se começa a ouvir o afiar das facas dos Democratas. O que virá a seguir? a colonização de Plutão?
Mas tenho para mim que tudo não passa de uma operação militar muito bem orquestrada para localizar o paradeiro de Osama Bin Laden.

A Secretária, Steven Shainberg


Um filme simpatico e higienico sobre o sadomasoquismo. Deu-me uma daquelas vontades de ter uma de rabo empinado para lhe poder dar uma palmadinha...

Bolsa de Estudo

Vou candidatar-me a uma bolsa de estudo da Gulbenkian.
Proponho-me a estudar os efeitos de viver a custa de uma bolsa da Gulbenkian.

Um obsessivo sem obsessão

Sou do género de pessoa realista-obsessiva. Uma contradição?
Passo a explicar. Apenas me sinto bem quando imerso numa obsessão, seja ela amorosa ou de outra forma.
Recordo-me com igual saudade dos tempos em que vivia obcecado por uma rapariga ou quando andava a estudar e passava dias a matutar num ùnico problema. Era assim que me sentia realizado, por essas vielas torturosas da mente que nos conduzem à grande fogueira da paixão. Contudo, desde muito cedo também compreendi, dada a minha natureza realista, a impossibilidade de atingir aquele que desejava. No plano amoroso, não era suficientemente bonito para almejar aquelas que me interessavam. No plano intelectual, não era suficientemente inteligente para chegar à solução dos problemas que desejava investigar.
E desta forma tenho o pior dos dois mundos, tenho a pulsão dos obsessivos, aqueles que apenas se sentem bem nessa tortura. E por outro, sucumbo na inacção dos realistas resignados.

A Estrada Direita

A caminho de casa na IC19 ocorreu-me:

A vida devia ser uma estrada direita num dia de sol.

O Último Samurai, Edward Zwick


Narra a história de um capitão do Exercito Americano na decada de 1870, que perseguido pela culpa do massacre de inocentes indigenas americanos, e em busca de uma recompensa financeira apreciável ao instruir o exercito Imperial japonês nas artes de guerra moderna, acaba por reencontrar a honra perdida ao identificar-se com o seu inimigo - os samurais.

O filme fez-me lembra o conselho que o pai do David Lee Roth, o ex-vocalista dos Van Halen, deu ao filho.
Não importa que saias vencedor ou derrotado. O importante é que o faças com estilo.

Apesar de certos absurdos, como num filme fortemente falado em japonês, se tenha colocado o Imperador do Japão a fazer o discurso derradeiro em inglês?!!! , não deixa de ser um grande filme. Bem melhor do que O Senhor dos Aneis - O regresso do Rei. Mas muitos furos abaixo de Dança com os Lobos, filme com o qual já foi comparado. Tom Cruise não resistiu a fazer o papel de heroi estiloso com cenas de guerra manifestamente impossiveis, que dão tanto de lúdico ao filme com retiram de credibilidade a história.

As cores do milenio

Acho curioso esta tendencia recente do marketing para as cores berrantes. Não sei quando começou a moda e quais os seus fundamentos, decerto dever haver um fundamento ciêntifico, mas notei na tendência a proposito da reformulação da imagem do bcp para millenium em que optou por um cor de rosa escuro ou no exemplo colorido do site do dn. Talvez tenham chegado a conclusão que não são apenas as crianças que gostam dos produtos mais pelas suas cores do que pelo seu contéudo.
Após um breve pesquisa fiquei a saber, se ainda não soubesse, que a cor é o aspecto mais importante de qualquer produto. Um consumidor decide a decide a sua preferencia na cor em aproximadamente em 60 segundos. Pode condescender no padrão, mas nunca na cor.
Dado que o cor-de-rosa é a cor feminina por excelência, com a recente opção do bcp, presumo que o banco se esteja a posicionar para o mercado feminino. Talvez seja uma tentativa de limpar a má imagem que adquiriru nos anos 80 quando se assumiu como um banco machista, ao contratar sobretudo homens. Ou, o que eu acredito mais, se esteja a posicionar para o novo mercado deste milenio, dado as posições de relevo que as mulheres vão assumindo na sociedade. Recordemo-nos que são elas que estão em maioria no ensino superior, com a tendencia a agravar-se de ano para ano. Pelo que é de prever que os posto mais bem remunerados venham a ser paulatinamente ocupados por elas.
Por esta andar, ainda acabamos por ver uma das manas jardim na presidência do banco.

Para lá da linha maginot

As coisas vão mal no emprego. Temos duas saidas. Ou eles despedem-me ou eu peço a demissão. Como não posso ser eu a tomar a iniciativa, pois perdia direito a indemnização, estamos perante um impasse. Como ninguém tem pressa, vamos vivendo nessa terra-de-ninguém, especie de terreno entre a linha maginot francesa e a fronteira alemã. Temos de a defender mas sem muita convicção. Assim estão as posições. Eles aparentemente pouco satisfeitos por contarem comigo e eu nada satisteito por ainda contar para eles. Vamos esticando a corda para ver de que lado rebenta. Em todo o caso, não é nada bom para o fígado trabalhar em tal ninho de compadrios e hipocrisia.

O Miar da Gata, Peter Bogdanovich

É a historia de um louco fim-de-semana abordo de iate do WR Heart, magnata dos media que dominou a primeira metade do século passado. Convencido que a sua amante Marion Davies o traía, convida um grupo de amigos, onde se incluia Charlie Chaplin, para na verdade por a prova. A revelação da verdade viria a tornar-se trágica.
Tenho a lamentar que no papel de Chaplin não esteja Robert Downey Jnr, pois estou convencido que fazendo par com Kirsten Dunst ( Marion Davies) este daria outra credibilidade ao filme.
O filme pretende retratar o ambiente dos loucos anos '20 e a impunidade dos ricos e poderosos de hollywood, mas mais importante é no intimo um ajuste de contas com a memoria de Orson Wells, de que Bogdanovich foi amigo e biografo. Como se quisesse repor a verdade sobre o que nunca foi dito sobre Hearst, que perseguiu terrivelmente Orson Wells ao crer que a personagem de O Mundo a seus pés era baseada na sua história. Mas também um ajuste de contas com o próprio passado de Bogdanovitch, que conheceu a derrota tal como Thomas Ince (personagem do produtor em curva descendente) e de Charlie Chaplin, homem a braços com o marido ciumento (na verdade Hearst e Marion não eram casados) .

O Grande Gatbsy , Jack Clayton

Como reconstituição cinematografica do romance homónimo parece-me muito bem conseguido, pelo seu valor intriseco como filme parace-me ter falhado. Talvez pela facto de se ter mantido tão fiel ao livro, falta-lhe aquele golpe de asa das grandes obras concebidas unicamente no cinema. Não deixa de ser estranho considerando a adaptação livre de o Coração das Trevas feita pelo mesmo Coppola no Apocalipse Now.
Destaca-se Robert Redford, que devorou o personagem. Enquanto os outros personagens facilmente consigo hoje emprestar-lhes outros rostos que não os dos actores, o de Jay Gatsby vêm-me sempre a memória a placidez sonhadora de Redford. Mais fruto da sua própria natureza do que de um verdadeiro esforço de composição da personagem, parece-me. Pois de uma forma ou de outra, e com raras excepções, parece sempre fazer o mesmo género de papeis.

Às vezes penso que o grande sonho americano não é outra coisa senão a busca do sonho da decadência aristocrática europeia - o direito a essa decadência.

Refúgio dos Fracos

Amanhã comecamos a viver. Prometemos a nós próprios. Amanhã será o primeiro degrau da escada que nos leva ao topo, o primeiro passo da jornada dos mil passos. Amanhã, o caminho para Damasco.

Teria Nietsche razão ? talvez o amanhã seja apenas o refúgio dos fracos.

Herois Perdidos

We have to live without sympathy, don't we? That's impossible of course. We act it to one another,
all this hardness; but we aren't like that really, I mean... one can't be out in the cold all the time; one
has to come in from the cold... d'you see what I mean?

The Spy who Came from the Cold, John Le Carre

Talvez a razão da literatura de espionagem da Guerra Fria ter tido, e presumo que ainda tenha, tantos leitores interessados, se deva à identificação obvia que sentimos com os personagens. Não vivemos todos uma guerra fria assim que transpomos o umbral da porta de casa pela manhã? Não somo todos nós espioes por nossa conta em terreno hostil por uma causa que não compreendemos? Os melhores de nós - herois perdidos que procuram resgatar a dignidade em actos inuteis.

O Senhor dos Aneis, O regresso do Rei

Finalmente concedi-me a mim próprio uma tarde para ver o fim da trilogia.
Embora admita que todos os três filmes se encontram magnificamente bem filmados, não evitando porém de quando em quando um bocejo. Não consigo entender as pessoas que transforma a historia em algo mais do que aquilo que de facto é - conto infantil, uma tortilha de mitos.

O Sonho

Existem pessoas afortunadas para quem o objectivo da vida é a concretização de um sonho.
Existem outras para quem o sonho é um dia vir enfim a ter um sonho.